quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Vale a pena confiar nos padrões gráficos propostos pela análise técnica?


               Por: Rafael de Souza Ribeiro
11/11/09 - 22h02
InfoMoney


SÃO PAULO - Apesar da ampla difusão no mercado, a análise técnica encontra certa resistência no mundo acadêmico por conta do método peculiar de análise e trabalhos de renomeados autores, como de Eugene Fama*, com resultados empíricos negativos em relação à eficiência do instrumental.

A despeito das inconsistências, a ferramenta ganha espaço entre os investidores, sejam autônomos ou profissionais, a cada dia. Além se mostrar uma maneira acessível e prática para elaboração de estratégias de investimento, a análise baseada nos gráficos vem conquistando espaço nas mesas de operações, o que, por sua vez, ampliou a gama de relatórios sobre o assunto.

Esta expansão, intensificada no final do século XX, abriu espaço para novas publicações com testes empíricos para verificar a validade dos padrões de análise técnica, dos quais alguns apresentaram conclusões favoráveis ao potencial preditivo desses padrões, intensificando o debate acadêmico sobre o assunto.

Academia
Um destes trabalhos foi elaborado pela dupla Osler e Chang**. O estudo, baseado em testes econométricos e métodos quantitativos, propõe testar o poder de previsão dos padrões gráficos, com destaque para os famosos O-C-O (Ombro-Cabeça-Ombro) e O-C-O-I (Ombro-Cabeça-Ombro-Invertido).

Os dois autores desenvolveram um algoritmo capaz de identificar o padrão em séries de preços e avaliaram o desempenho da linha sequencial no mercado de câmbio (utilizando para análise seis moedas) com uma base histórica de 20 anos.

Teste no mercado brasileiro
Em uma adaptação à metodologia aplicada por Osler e Chang, os economistas Pedro Gabriel Boainain e Pedro Valls Pereira testaram a lucratividade de estratégias de investimento baseadas na identificação de O-C-O´s e O-C-O-I´s no mercado de ações brasileiro.

O trabalho, intitulado "Ombro-Cabeça-Ombro: testando a lucratividade do padrão gráfico de análise técnica no mercado de ações brasileiro", baseou-se em séries diárias de preços de 30 ações no período de janeiro de 1994 a janeiro de 2009.

Para alcançar seu objetivo, os dois economistas definiram diversas estratégias de investimento condicionais à identificação do padrão gráfico neste período de tempo e métodos econométricos para verificar a viabilidade econômica e a previsibilidade da figura.

Por que o O-C-O?
Um aspecto que favoreceu a escolha do O-C-O como objeto de estudo foi a facilidade de assimilação do padrão por parte do analista técnico, uma vez que os conceitos são bem difundidos nos guias de análise técnica, revela Boainain.

Como não é um padrão que ocorre constantemente no mercado, existe a tendência de se operar pouco, e, com isso, reduzir significativamente os custos de transação da operação, afirma Valls.

Deste modo, os economistas chegaram à conclusão que o padrão têm poder de previsão no mercado brasileiro, o que dá suporte a estratégias de investimentos com base nestes padrões gráficos.

Verificaram também que o algoritmo proposto, baseado em inferências estatísticas e testes econométricos, foi capaz de identificar os padrões gráficos, dando, portanto, sustentabilidade matemática ao argumento.

Conclusões do trabalho
Verificada a viabilidade estatística do padrão, Valls e Boainain concluíram que os resultados a favor do poder de previsão do padrão O-C-O são elevados o suficiente para que mantenham a sua atratividade, em especial para os grandes investidores, que conseguem redução de custos operacionais. Ou seja, o padrão gráfico é aplicável ao mercado brasileiro.

Do outro lado, os economistas verificaram que o O-C-O-I não tem poder de antecipar o fim de uma tendência de baixa e início de uma tendência de alta, ao passo que só alguns resultados "meramente do acaso" foram positivos.

Ao final do trabalho, Boainain sugere novos estudos acadêmicos sobre análise técnica, como o desenvolvimento de estratégias de investimento que tentem se aproximar ainda mais da forma como um analista técnico toma suas decisões, incluindo o volume negociado das ações, fundamental para o instrumental.

*FAMA, E.F. e BLUME, M.E. Filter Rules and Stock Market Trading, Journal of Business, v.39, p. 226-241, 1966.
**OSLER, C.L. e CHANG, P.H.K. Head and Shoulders: Not Just a Flaky Pattern, Federal Reserve Bank of New York staff report 4, 1995.

Economistas negam existência de bolha imobiliária no Brasil

A expectativa de elevação da massa de renda da população, acompanhando o ritmo dos preços dos imóveis no país, afasta o mercado imobiliário brasileiro das características clássicas de formação de bolha. É o que defende o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados.

Ele argumenta que, comparando o cenário doméstico com a bolha hipotecária vista em 2008 nos Estados Unidos, em que o preço das casas crescia num ritmo muito mais rápido que o da renda dos americanos, o Brasil está longe de uma crise dessa magnitude. "Não temos dúvidas de que não há bolha e de que provavelmente não teremos uma bolha no futuro."

Segundo estudos da consultoria, o crescimento médio anual da massa de renda real dos brasileiros foi de cerca de 8% no período de 2002 a 2008, e a expectativa é de expansão para os próximos anos, se forma que não há sinal de desaquecimento da demanda. De acordo com Mendonça de Barros, até 2016, a nova classe C terá uma demanda potencial por quase 1,5 milhão de imóveis.

Para o economista Sérgio Vale, também da MB Associados, o dinamismo da economia brasileira nos próximos anos será diferente daquele predominante no Nordeste, onde a transferência de renda para as famílias se destaca. Ele acredita que o crescimento nos próximos anos será liderado pelo Sudeste, com os investimentos advindos, por exemplo, de Copa do Mundo, Olimpíadas e pré-sal.

Desta forma, não há perspectiva também para desaceleração dos preços de imóveis, que segundo Mendonça de Barros, são considerados adequados para o setor. "Os valores vão continuar subindo, mas o processo de crescimento de massa de renda vai absorver isso."

Ele não afasta o efeito da especulação nesse mercado, mas argumenta que no caso de uma explosão dos preços as vendas sofreriam impacto, o que levaria à necessidade de uma revisão dos valores. "Nesse caso, não há hipótese de um efeito manada colocando em risco a economia", prevê.

O presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Luiz Antônio França, prevê que o crédito imobiliário corresponda a 14% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2011.

Dados da entidade mostram que os atrasos superiores a 90 dias nos financiamentos vêm mostrando desaceleração, de 3,07% em 2008 para os atuais 2,52%. Em junho, o percentual médio de financiamento em relação ao valor total dos imóveis comercializados corresponde a 61,9%, o que para Vale é um patamar considerado saudável e que mostra a disposição dos agentes financeiros de atender a demanda por crédito imobiliário.

O nível de regulamentação financeira é o principal fator macroeconômico apontado pelos economistas para afirmar que o Brasil não correrá no futuro o risco de ser afetado por bolhas.

"Nosso mercado imobiliário teve a oportunidade de ver o estrago que uma bolha faz", lembra, ressaltando que o nível de alavancagem dos bancos aqui é muito mais controlado, e que não se compara com as práticas do mercado financeiro americano.

Além disso, ele destaca que lá, a explosão do crédito a taxas flexíveis foi muito rápida, enquanto no Brasil, o juro elevado não proporcionaria um crescimento nessa proporção.

Sérgio Vale explica que, diferentemente do caso americano, equilíbrio econômico e regulamentação financeira podem conter os efeitos do estouro de uma bolha.

Ele cita como exemplo recente o mercado imobiliário chinês, em que os preços de imóveis de luxo e comerciais cresciam vertiginosamente. Em abril, o governo forçou a redução dos preços, mas a forte desvalorização não resultou em crise econômica.

(Ana Luísa Westphalen | Valor)


terça-feira, 10 de agosto de 2010

Estrangeiro injeta R$ 1 bi na Bovespa

  A exemplo do que foi feito ao longo da maior parte de julho, na primeira semana de agosto o investidor estrangeiro injetou mais recursos que retirou na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).No período, seu saldo de atuação direta ficou positivo em R$ 1,03 bilhão, resultado de compras no valor de R$ 8,026 bilhões e de vendas de R$ 6,997 bilhões. O total ajuda a explicar uma parte da alta de 0,86% do Ibovespa na semana passada.
Na trajetória oposta, os investidores pessoa física e institucional reduziram sua posição na Bovespa entre os dias 2 e 6 de agosto, com um fluxo negativo de R$ 242,6 milhões e de R$ 377,4 milhões, respectivamente.
Apenas na sexta-feira passada, o saldo de atuação do investidor não residente no mercado doméstico ficou negativo pela primeira vez depois de 14 dias, em R$ 22,2 milhões. No dia 6, o Ibovespa havia registrado queda de 0,46%.
Em agosto, o ranking de participação na Bovespa está sendo liderado pelos investidores institucionais, com 34,55%, seguidos pelas pessoas físicas (29,49%) e pelos estrangeiros (26,71%). No ano, o resultado da atuação do investidor internacional na bolsa brasileira segue positivo em R$ 1,6 bilhão.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

BB pode comprar banco na América Latina ainda este ano

O presidente do Banco do Brasil (BB), Aldemir Bendine, afirmou hoje à Agência Estado que há possibilidade de o BB comprar uma instituição financeira na América Latina ainda este ano, antes de adquirir um banco nos EUA, também até dezembro. De acordo com o vice-presidente de negócios internacionais de atacado do BB, Allan Toledo, o banco tem como objetivo ser a instituição financeira nacional mais forte na América Latina em três ou quatro anos. "É importante para firmarmos essa estratégia a aquisição de um banco aqui na nossa região até o final do ano", disse.

De acordo com Bendine, as avaliações de bancos nos EUA estão caminhando e o BB trabalha com o objetivo de adquirir uma instituição com forte presença nos cinco Estados onde há grande concentração de brasileiros, entre eles, Massachusetts, Nova York, Connecticut e Flórida. Segundo Toledo, o foco principal de internacionalização do BB hoje está na América Latina, nos EUA e na África. "O mercado asiático é interessante, porém precisamos fincar nossas raízes nos mercados mais próximos", disse.

O BB contratou um banco de investimento e já identificou instituições para comprar nos Estados Unidos, informou Bendine. "Estamos firmes no processo de internacionalização", disse.


Crédito

No Brasil, o BB mantém sua estratégia de atuar com vigor no mercado de concessão de crédito para empresas e pessoas físicas, disse Bendine. Segundo ele, há uma reação nos últimos meses das instituições comerciais privadas para conceder financiamentos a companhias e consumidores. "Mas vamos continuar nossa trajetória de atuação nesses segmentos", comentou.

A instituição acredita que esse segmento de mercado deve continuar exibindo avanços expressivos em função do aquecimento da economia, da evolução da renda das famílias e do bom nível de emprego. O Banco Central (BC) estima que o Brasil deve crescer 7,3% neste ano. África A gestão da holding financeira firmada entre BB, Bradesco e Banco Espírito Santo (BES) para atuação na África será compartilhada entre os três participantes, informou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi.

Hoje a holding é controlada pelo BES, de Portugal. A primeira fase do projeto, anunciado hoje, é a consolidação do que já existe, disse Trabuco. O BES opera na África há mais de 100 anos. Em seguida, a holding vai buscar a ampliação das operações, que inclui parcerias com bancos locais e aquisição de instituições financeiras africanas. "Queremos preservar a identidade local dos bancos", afirmou Trabuco. Segundo ele, a área de seguros é uma das com maior potencial. "Esse mercado não existe em muitos países da região." O foco de atuação do BB e do Bradesco na África será o varejo e também o crédito para empresas, incluindo o apoio a companhias brasileiras que atuam no continente.

Segundo Trabuco, existem países africanos, como Moçambique e Angola, onde o nível de bancarização é menor do que 15% da população. Segundo Bendine, foi o BES que procurou o BB e o Bradesco para propor o investimento conjunto na África. O BES tem participação acionária no Bradesco e, por isso, já conhecia o banco. Na entrevista concedida hoje para anunciar as operações na África, estavam presentes os principais executivos de empresas brasileiras que atuam naquele continente, como Marfrig, Odebrecht, Camargo Correa e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

Brasil Ecodiesel vende 6 mil metros cúbicos em leilão para Petrobras

SÃO PAULO - A Brasil Ecodiesel vendeu 6 mil metros cúbicos de biodiesel no leilão para compra de estoque regulatório realizado pela Petrobras. O preço médio foi de R$ 2.044,58 por metro cúbico, modalidade CIF, sem ICMS.
O combustível será produzido na unidade da Ecodiesel de Porto Nacional (TO) para entrega nas unidades da Petrobras de Itaqui (MA) e Candeias (BA), entre os dias 16 de agosto e 30 de setembro.
(Valor)