sábado, 5 de fevereiro de 2011

Egito pressiona preço do petróleo e favorece o pré-sal


     O recrudescimento da crise no Egito contribui para tornar mais tenso o ambiente em todo o Oriente Médio, mas apresenta baixo potencial de corrosão das expectativas econômicas do Brasil.
    
Especialistas como o consultor Armando Guedes Coelho, ex-presidente da Petrobras, advertem para a piora do cenário econômico apenas se a crise egípcia evoluir e durar meses.
Se isso ocorrer, projeta o consultor, o petróleo poderá alcançar o patamar de US$ 130, e deteriorar as expectativas de recuperação das economias americana e europeia.
"Nesse caso, poderá haver contágio da economia brasileira, com a piora da crise europeia e nos Estados Unidos", diz Coelho, que vivenciou as duas primeiras crises do petróleo, em 1973 e 1979, nas condições de diretor e presidente da Petrobras.
"Por enquanto, no entanto, pode-se dizer até que as perspectivas são favoráveis, pois exportamos uma média de 500 mil barris por dia de petróleo, um volume superior ao importado em óleo leve e derivados. Sem contar o pré-sal, que se torna mais atrativo quanto maior for o preço do barril no mercado internacional."
Inflação
Ontem, o barril do tipo Brent, negociado na Bolsa de Londres, alcançou o maior patamar em 28 meses (US$ 103), mas à tarde recuou US$ 0,21, para US$ 102,03.
A subida do preço aponta para pressão inflacionária, e afeta especialmente a já fragilizada economia da Zona do Euro.
Já o WTI, negociado na Bolsa de Nova York, recuou US$ 0,61 para US$ 90,25.
Apesar da baixa - que interrompeu um ciclo de alta iniciado com os protestos, na semana passada, contra o governo de Hosni Mubarak, no Egito-, consultores como Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), preveem que os preços podem chegar a até US$ 150 em março, se a crise persistir.
Apesar do impacto da conjuntura política no Oriente Médio, os preços, lembra Pires, também sofrem a influência de fatores estruturais, como a correlação mundial entre oferta e demanda de petróleo, e da especulação com contratos da commodity no mercado futuro.
"A crise no Egito só antecipou uma alta de preço que era esperada para maio, como consequência tanto da especulação quanto do alto consumo de petróleo", afirma Pires, que prevê muita volatilidade nos preços pelo menos até 2015.
Coelho explica que, do ponto de vista prático, o Canal de Suez, no litoral egípcio, escoa, em média, 1,085 milhão de barris de petróleo por dia, volume equivalente a menos de 1% do consumo mundial diário, de 85 milhões de barris.
Como o volume é mínimo, afirma o consultor, o impacto de uma crise na região só será grande se o governo egípcio cair nas mãos de radicais islâmicos, a exemplo do ocorrido com o Irã, em 1979, com a deposição do xá Reza Pahlevi.
Sócia-diretora da consultoria Gás Energy, Sylvie D'Apote mantém otimismo mais moderado que Guedes, mas projeta impacto igualmente modesto sobre o Brasil.
O contágio, pondera a consultora, se dará por meio da balança comercial, uma vez que o Brasil ainda importa petróleo e derivados - e não pela inflação.
"À medida que o Brasil ainda importa e exporta petróleo, o país, de alguma forma, será afetado pela conjuntura internacional. Mas talvez o impacto não seja tão grande como em outras crises", afirma Sylvie, que projeta impacto inflacionário dentro do país apenas se a Petrobras repassar a variação dos preços do barril para os preços internos da gasolina e do óleo diesel.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Crise no Egito deve afetar as exportações brasileiras de carne, minério e açúcar

O Egito, que entrou no décimo dia de tensão política, deve sofrer consequências econômicas em decorrência da instabilidade causada pela onda de protestos de manifestantes contrários ao governo Hosni Mubarak.
No caso das relações comerciais com o Brasil, os efeitos deverão ser percebidos na queda de vendas de carnes de boi e frango, além de minério e açúcar.
A previsão é do vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Fábio Martins Faria, que concedeu entrevista nesta quinta-feira (3), pela manhã, ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional. Para o empresário, as perdas serão observadas a longo prazo e durante o ano de 2011.

BTG informou que não arcará com o passivo do PANAMERICANO.

- O Banco Panamericano promete publicar os resultados do terceiro trimestre de 2010 até o dia 15 de fevereiro de 2011. De acordo com comunicado divulgado nesta quinta-feira, 3, "devido à complexidade do assunto ocorreram atrasos que não estavam previstos e, portanto, levaram a administração a alterar a previsão estimada para a entrega do ITR referente ao terceiro trimestre de 2010".
O Panamericano informa que "que não houve e nem haverá concessão de auxílio pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC)" diretamente à companhia. Em comunicado, o banco informa que o Grupo Silvio Santos, na qualidade de principal acionista controlador do banco, aportou R$ 1,3 bilhão na instituição, a título de ajuste ao aporte de R$ 2,5 bilhões feito em novembro de 2010. O aporte foi integralizado por um título de crédito obtido mediante operação financeira contratada entre o Grupo Silvio Santos e o FGC.
Ainda segundo o comunicado do Panamericano, esse montante extra é decorrente do ajuste necessário que o banco precisou para fazer face ao rombo maior que o inicialmente estimado.
O Panamericano não esclarece, contudo, se após a venda para o BTG Pactual o empresário manteve essa dívida no FGC. Segundo o próprio Silvio, ele se desfez do banco e não ficou com nenhuma dívida. O BTG também informou que não arcará com o passivo do banco.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

BTG Pactual comprará o banco Panamericano, diz fonte

São Paulo - O empresário Silvio Santos, controlador do Banco Panamericano, concordou em vender sua fatia ao BTG Pactual, em troca da cobertura do rombo contábil e aceitação da dívida, disse uma fonte familiar com o assunto à Reuters neste sábado.

A transação pode ser anunciada neste fim de semana, disse a fonte, que se recusou a ser identificada já que as conversas são privadas. O banco deve anunciar na próxima semana que o seu rombo é de 4 bilhões de reais, valor acima da estimativa de 2,5 bilhões de reais feita em novembro.
O Panamericano, que recebeu ajuda em novembro, teve conversas na semana passada com bancos concorrentes sobre a possibilidade de venda em meio a temores crescentes de que um rombo maior poderia forçar outro resgate. O BTG, controlado por André Esteves, obteve recentemente uma injeção de capital que elevou o valor da empresa para 10 bilhões de dólares.
O jornal Folha de S.Paulo informou neste sábado que o possível valor da transação pode ser de 4 bilhões de reais.
As conversas ocorrem enquanto alguns criticam o resgate realizado pelo Banco Central, dizendo que a autoridade monetária fracassou em estimar as perdas totais e prever problemas envolvendo o rápido crescimento na concessão de crédito.
O BC identificou que o Panamericano mantinha em seu balanço como ativos carteiras de crédito que já haviam sido vendidas a outros bancos. Também houve duplicação de registros de venda de carteiras. Com isso, o resultado do banco era inflado.
O Panamericano é especializado em financiamento de automóveis e empréstimos debitados na folha de pagamento.
Em novembro, o Banco Central e o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) injetaram 2,5 bilhões de reais no Panamericano para reforçar o seu balanço e evitar uma corrida aos depósitos. O FGC emprestou o dinheiro a Silvio, que deu como garantia as empresas do seu grupo, que incluem uma emissora de televisão e uma fabricante de cosméticos.
O Pactual e o FGC discutirão os termos da compra do Panamericano nos próximos dias, acrescentou a fonte.
Na semana passada, a imprensa identificou Bradesco, Santander Brasil, Citigroup, Banco Safra e BTG Pactual como possíveis compradores do Panamericano. Nenhum dos bancos comentou as informações.
O BTG Pactual se negou a confirmar ou negar as conversas. O Grupo Silvio Santos e o Panamericano também se negaram a comentar. O Grupo Silvio Santos tem cerca de 49 por cento do capital total do banco e a Caixa tem uma fatia de 36 por cento.