quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Petrobras: preço médio do barril em cessão onerosa é de US8,51

O governo e a Petrobras definiram em 8,51 dólares o preço médio do barril de petróleo das reservas da União que serão trocadas por ações da estatal dentro do plano de capitalização da empresa, anunciou na quarta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O valor total da chamada cessão onerosa, que envolve seis campos de petróleo e mais um de reserva, com volume total de 5 bilhões de barris, será de 42,533 bilhões de dólares, segundo Mantega, o que indica um valor máximo superior a 120 bilhões de dólares para a capitalização da Petrobras, possivelmente a maior operação de oferta de ações da história.
Os seis campos que serão incluídos na operação são Tupi Sul, Florim, Tupi Nordeste, Guara (entorno), Franco e Iara (entorno), enquanto o de reserva é o de Peroba.
Cada um dos campos teve um preço diferente atribuído ao barril. O mais caro foi o de Franco, também com mais reservas a serem cedidas, num total de 3,058 bilhões de barris, ao valor de 9,04 dólares. Já o mais barato foi o do entorno de Iara, com o barril saindo a 5,82 dólares e reservas de 599,56 milhões de barris.
"Deve ser talvez a maior operação dessa natureza que já foi feita, levando em consideração que são seis campos que estão sendo negociados, com mais um campo de reserva", afirmou Mantega a jornalistas na divulgação dos detalhes do acordo.
Mantega salientou o fato de a petroleira poder contar com reservas valiosas para elevar sua estrutura financeira.
"A Petrobras vai ter a posse de um volume extraordinário de petróleo. Vai ter acesso a um volume grande do pré-sal", afirmou.
Segundo a Petrobras, todos os termos da minuta de cessão onerosa foram aprovados pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e também pelo Conselho de Administração da estatal, assim como os termos gerais da oferta global de ações.
"O comitê de minoritários aprovou os termos do contrato de cessão onerosa, inclusive quanto ao preço médio ponderado do barril de óleo equivalente", informou a estatal em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
De acordo com Mantega, o cronograma de capitalização está mantido e o aviso ao mercado com as condições da operação deverá ser divulgado na sexta-feira, dia 3. Ele disse ainda que o índice mínimo de nacionalização na fase de exploração está fixado em 37 por cento e na fase de implantação, em 55 por cento.
ACIMA DO ESPERADO
A reação inicial do mercado foi de que o valor do barril ficou um pouco mais alto do que se esperava.
"Veio acima da expectativa, é muito alto. Não sei como eles vão fazer, porque foge do limite (de capital autorizado) aprovado em assembleia", disse Monica Araújo, analista da corretora Ativa, referindo-se ao limite de 150 bilhões de reais que foi aprovado pelos acionistas para a operação de aumento de capital.
"Tudo indica que esse preço e o tamanho da operação vai levar à diluição do minoritário", afirmou Erick Scott, da SLW Corretora. "Deveria se refletir negativamente na ação", acrescentou ele, sobre o eventual impacto nos papéis da estatal no pregão de quinta-feira da Bovespa.
Segundo ele, o tamanho da operação explica a publicação pelo governo da MP 500, que vai permitir que mais entidades da administração pública, como outras estatais, assim como o Fundo Soberano, participem da oferta de ações.
Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, também questionou o valor total.
"Se todo mundo resolver exercer o direito de manter a posição acionária, ultrapassa os 150 bilhões aprovado em assembleia e não explica no fato relevante como eles vão resolver isso", opinou.
Segundo ele, as ações da empresa poderão perder mais valor nos próximos dias. "Esse preço de 8,51 (dólares) é um valor que vai fazer cair a ação para o minoritário poder entrar."  

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