quarta-feira, 10 de novembro de 2010

BC encontra duplicidade de carteira em balanços do PanAmericano

O Banco Central informou ter encontrado duplicidades de carteiras de crédito nos balanços do PanAmericano e de outros bancos. A instituição controlada pelo grupo Silvio Santos teria vendido carteiras a outros bancos, mas não teria promovido a baixa contábil em seus demonstrativos financeiros há cerca de três, quatro anos.
A constatação foi feita a partir da análise dos balanços do segundo trimestre de diversas instituições financeiras, realizada há cerca de seis semanas.
O diretor de Fiscalização, Alvir Hoffmann, afirmou ainda que "há indícios" de que as mesmas carteiras "foram vendidas mais de uma vez."
Isso indica que o "rombo" do banco controlado pelo grupo Silvio Santos, pode ser maior. Hoffmann disse que manterá um funcionário do BC "dentro" do Panamericano, e que uma visão global da fraude pode demorar.
O empréstimo com garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) de R$ 2,5 bilhões foi para ajustar o patrimônio líquido do banco, de R$ 1,6 bilhão, e mais R$ 900 milhões para continuar a operar com a mesma alavancagem que tinha antes.
Por enquanto, o BC está instaurando apenas processo administrativo. Quando tiver indícios concretos e responsabilização da fraude, encaminha para o Ministério Público Federal para possível abertura de processo criminal.

Melhor Solução
O socorro de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), fundo mantido com recursos dos depósitos dos bancos, foi a melhor solução encontrada para salvar o Banco Panamericano, avaliou o diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Alvir Hoffmann.
"Outra solução, que para nós seria um desastre, seria liquidar o banco", disse o diretor, após assegurar que, agora, "o Panamericano segue vida normal."
"O que houve foi uma operação de assistência financeira. O FGC tem a função de garantir a estabilidade do sistema financeiro, como é em todo lugar do mundo, e seu mandato exige que a assistência seja no volume que for necessário, dependendo do tamanho da instituição", sustentou.
O empresário Silvio Santos terá 10 anos para devolver o resgate dado pelo FGC. A holding Silvio Santos Participações ainda terá uma carência de três anos para iniciar o pagamento do empréstimo, obtido por meio da emissão de debêntures.
Os ativos de garantia perfazem um patrimônio estimado em R$ 2,7 bilhões pelo FGC e podem ser, se necessário, colocados à venda para cobrir o empréstimo. Os dividendos obtidos pela holding de Silvio Santos também serão usados no pagamento do resgate.

Ações caem quase 30%
Um dia depois do anúncio do resgate de R$ 2,5 bilhões pelo Banco PanAmericano, em meio a denúncias de fraudes na instituição - que tem o Grupo Silvio Santos como principal acionista -, as ações preferenciais do banco, que estão fora do Ibovespa, despencaram.
As ações preferenciais do banco de investimento caíram 29,54%, a R$ 4,77, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nesta quarta. Na terça, o ativo fechou com queda 6,74%, o oitavo pior desempenho entre papéis fora do índice de referência da Bolsa brasileira.
Os ativos de pequenas instituições financeiras também registraram baixas. As ações do Banco Pine desceram 2,59% (a R$ 13,50), BicBanco caiu 5,36% (a R$ 15,00); ABC Brasil PN recuou 0,79% (a R$ 16,30) e Sofisa PN se depreciou em 4,80%, a R$ 4,95.
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As grandes instituições financeiras, no entanto, registraram altas. As ações preferenciais do ItaúUnibanco subiram 1,15% (a R$ 42,85), e as do Bradesco avançaram 1,38%, a R$ 36,50. As ações do banco Santander registraram alta de 1,06% (a R$ 24,76) e do Banco do Brasil.
Para a analista do setor bancário da Ativa Corretora, Luciana Leocádio, apenas bancos menores, com perfis mais próximos ao do PanAmericano, devem sofrer influência dos rumores da falência da instituição de Silvio Santos:
- É natural que os outros bancos médios fiquem de olho até terem a clareza do que de fato aconteceu com o PanAmericano. Os bancos com uma característica similar tentem a ser penalizados. Mas as grandes instituições não devem ser contaminadas com a notícia - afirmou Luciana.
Acionistas não sofrerão diluição, diz PanAmericano
Em um comunicado, feito a pedido da BM&F Bovespa, o PanAmericano informou que os recursos do aporte não serão usados para um futuro aumento de capital e, portanto, os atuais acionistas não sofrerão diluição em suas participações. O aporte está sendo feito na "conta do acionista controlador" e não irá gerar qualquer encargo para o banco.
Além disso, não haverá resgate futuro dos recursos, que estão sendo usados para recompor inconsistências contábeis. O Panamericano afirmou ainda que "está em tratativas com o Banco Central do Brasil em relação ao tratamento contábil que será dado a tal aporte".
A instituição financeira acrescentou que "as operações de crédito e investimentos continuam normalmente, mantendo-se as atuais políticas de crédito. As atividades das lojas e o atendimento ao público também permanecem inalterados".

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